Review: "There Will Be Blood" 6*/10


Grande favorito aos Óscars deste ano, o novo filme de P.T Anderson (Magnolia, Punch-Drunk-Love) é sobretudo uma desilusão. A melhor maneira de resumir este filme seria dizer que, uma grande personagem não faz um grande filme...

Em inicio do século 20, Daniel (Daniel Day-Lewis) é um homem que enriqueceu à custa do petróleo mas mesmo assim, procura sempre mais e mais. Um dia, um rapaz chamado Paul (Paul Dano) vai ao seu encontro e, a troca de dinheiro, revela-lhe que a cidade de onde vem está repleta de petróleo que ainda ninguém explorou. Daniel segue então para lá, acompanhado do filho, e convence a familia de Paul a ceder-lhe as terras. O problema vem do irmão gémeo de Paul (ou será outra coisa?) Eli, jovem profeta dono de uma Igreja que procura à todo o custo ser conhecido por todos e recrutar membros para a sua Igreja. A sede de riqueza de Daniel e a sede de poder de Eli vão se confrontar numa terra repleta de ouro negro...

O inicio do filme é um pouco destabilizador. Durante mais de 10 minutos não existe uma linha de diálogo. É o necessário a um set-up que espalha uma atmosfera misteriosa e interessante. Depressa seguimos para um Daniel já estabelecido e dono de um saber valioso acerca do petróleo. Até aqui tudo bem, o filme é lento e dá margem a excelente prestação de Daniel Day-Lewis que parece não falhar uma personagem. Daniel parece à superficie um Ser Humano, tudo o que há de mais respeitável mas, pouco à pouco, vamos descobrindo o que realmente lhe interessa e que fará tudo para chegar aos seus objectivos. A outra personagem que se destaca é sem dúvida o jovem Paul Dano, também visto em Little Miss Sunshine, que consegue equilibrar a sua personagem mantendo-nos sempre na dúvida acerca das suas verdadeiras convicções. Relativamente à realização, não há grande coisa a dizer a não ser que existe um verdadeiro cuidado na estética do filme e que tudo contribui para a obra sem nunca haver efeitos desnecessários. O grande problema do filme é que na sua segunda metade perde intensidade, parecendo que o realizador/argumentista não sabia o que fazer da sua história. Era perfeitamente possivel encurtar o filme de 40 minutos mantendo intacta a estrutura original, mas visto assim, o filme perde-se tornando o final despachado e anti-climático.

O filme continua acima da média mas é óbvio que é salvo pela excelente interpretação de Day-Lewis que é um sério candidato ao Óscar de melhor actor este ano. Agora que este filme está visto, resta-me cruzar os dedos para que No Country For Old Men mantenha todas as suas promessas.

Stay Tuned.

1 Bilhete(s):

Gui disse...

Não era possivel tirar-se tempo ao filme, simplesmente porque precisas de todos este tempo para contra esta história, apesar de eu concordar que demora tempo demais...

Tens de ter os 40 minutos do irmão impostor (desculpem lá se não viram...) senão não consegues mostrar que o daniel não consegue estar sozinho no "topo", ele precisa de companhia...

Confesso que olhei para o relógio durante o filme, o que é mau sinal, mas não consigo encontrar nem um minuto que se possa cortar...

E o início mostra-o novamente sozinho, a subir e trabalhar pela prórpia mão, que é importantíssimo para o set up do filme, e da personagem...

é um 8*/10...! =P

Apesar de discordar em algumas coisas, boa crítica... =)

hug,
gui
(ramboiablog.blogspot.com)