Critica: The Wrestler 7/10


Quem me conhece sabe perfeitamente que sou um fiel seguidor do trabalho de Darren Aronofsky desde o seu famoso "Requiem for a Dream". Desde então, o senhor tem um lugar muito especial na minha lista de "must see, must follow" e confirmou todo o bem que pensava dele com "The Fountain". "Pi", a sua primeira obra, tem o mérito de ser um filme indie bastante interessante e repleto de mecanismos que faria a marca do seu autor.
Ontem e, dois anos após "The Fountain", descubro a sua nova obra que, como as anteriores, é diferente e ao mesmo tempo muito próxima do mundo do realizador.


Randy "The Ram" Robinson (Mickey Rourke) é uma antiga estrela de wrestling que vive em condições miseráveis numa pequena cidade Norte-Americana. Longe da fama, Randy vive à custa de pequenos combates locais onde continua a ser uma lenda. Para além disso, trabalha no supermercado local e vive num campo de caravanas. Um dia, Randy sofre um ataque cardíaco e é informado que tem de desistir do wrestling sob pena de não sobreviver a outro ataque. Perdido na solidão, vivendo apenas de memórias passadas, Randy vai tentar reconstruir a sua vida minimamente...

Deixando de lado a grande maioria dos seus colaboradores habituais (a excepção de Clint Mansell na banda sonora), Darren Aronofsky arrisca ao realizar um filme cujo argumento foi escrito por outra pessoa. Filme de pequeno orçamento (diz-se que Rourke não foi pago), "The Wrestler" assemelha-se a um documentário muito atento à sua personagem principal. A camara à mão é uma constante o que pode destabilizar quem conhece a filmografia do realizador já que a construcção dos planos e um verdadeiro sentido estético eram pontos fortes das suas obras precedentes. Mesmo assim, a pata Aronofsky está no filme. Seja na forma como capta a dúvida interior de Randy ou o seu sofrimento, seja nos momentos de sofrimento da personagem ou na sua evolução, Aronofsky continua em caminho conhecido. Na realização está também um dos pontos fortes do filme, talvez não na técnica mas sim, na forma como o realizador deixa fluir os actores que evoluem conforme vão sentindo as personagens. E é disso mesmo que permite a filme viver. Mickey Rourke volta à ribalta com uma personagem que se confunde com ele próprio. Antiga estrela do anos 80 (como Rourke) Randy atravessa o deserto até lhe ser oferecido o suposto "combate" do século (um rematch contra o seu arqui-inimigo). Rourke, desfigurado pelos cirurgiões, não precisa de muito para interpretar Randy, limitando-se a ir buscar elementos da sua própria vida para alimentar o sofrimento e os diálogos desta antiga glória em busca de redenção e, porque não, de uma vida nova. Para lá chegar, Cassidy (ou Pam), uma stripper, pode ser a solução. Marisa Tomei incarna esse Ser que como Randy procura uma vida alternativa e vive em "stand-by" como parecem viver todos os habitantes daquela cidade. Para completar o elenco, Evan Rachel Wood, interpreta a filha perdida de Randy que nunca conheceu o pai e que ele vai tentar reconquistar.

Deste elenco, Aronofsky tira boas interpretações. O sentimento que fica é de perdição e de pouca esperança. Pouco a pouco, o filme cresce e com ele o nosso sentimento de compaixão para a personagem de Randy. Agora, infelizmente, são vários os pontos em que filme falha em criar verdadeiros momentos dramáticos simplesmente porque as pausas foram mal calculadas ou porque o que vemos não serve para muito.

Estou a escrever isto com um sentimento misto na cabeça. Rourke merece todo o bem que têm dito dele por aí e o resto do elenco também está de parabéns. Mas será que estava a espera de mais Aronofsky sobretudo na forma? Talvez. Prevalece no entanto um sentimento de satisfação por ter visto um filme que não é dado e que requer muito do espectador. Finalmente, o filme revela-se como sendo interessante e diferente mas, para mim, de certeza que não é a melhor obra do seu realizador.


Stay tuned.

Óscars 09: Surpresas? Naaaaaa

Como todo a gente já sabe, ontem (nos States, de madrugada por aqui...) foram entregues os prémios da Academia aos melhores trabalhos cinematográficos do ano passado. Como tem sido hábito nos últimos anos, o meu grupo de amigos criou uma mini Fantasy league onde cada elemnto do grupo "apostou" nos filmes que iriam ganhar. Este ano, decidi que ia ser a obra de Fincher a mais premiada, embora admita que foi mais com o coração do que com a razão que efectuei as minhas apostas...
Hoje de manhã, vi a lista e não podem imaginar a minha desilusão. De todos os nomeados para melhor filme, só não vi o Frost / Nixon e acho que premiarem o "Slumdog Millionaire" foi simplesmente irem atrás do "hype" gerado pelo filme. Acredito que da lista, somente dois merciam competir para o titulo (retirando o fillme citado anteriormente). "Milk" e "The Curiouse Case of Benjamin Button" são dois bons exemplos de filmes merecedores. Se no caso de "Benjamin Button" Fincher regressa a um cinema mais comercial mas sempre com o brilhantismo a que nos tem habituado, "Milk" mostra interpretações de alto nivel e mantém-se um filme muito consistente e sempre interessante. "Slumdog Millionaire" não tem nenhum equilibrio, beneficia de um tratamento original e de cenários pouco vulgares mas, sofre de uma construcção narrativa deficiente e de um sentimento de "too much" durante toda a duração do filme. Admito que estava curioso, Danny Boyle é no minimo eclético e os seus filmes têm o mérito de serem sempre obras curiosas. Infelizmente não aderi a este último filme e creio que a polémica em redor do filme é mais interessante do que a própria obra.
"The reader" é outro caso curioso. Percebo o porquê da nomeação, já que o filme transpira classicismo a cada fotograma. O filme em si é bastante oco, salva-se Kate Winslet que, para mim, mostra sempre trabalho de qualidade. Acredito que a nomeação que ela teve para este filme está mal atribuida já que em "Revolucionary Road" ela está uns palmos acima álias, todo o filme está uns palmos acima deste "The Reader", daí não perceber porquê que a obra de Sam Mendes foi ignorada nestes Óscares.

De resto, não me queixo dos prémios atribuidos. Só esperava que Meryl Streep não levasse o Óscar (com'on... A senhora é uma grande actriz mas recompensar a interpretação em "Dúvida" era uma piada de mau gosto...) e ainda cruzei os dedos para que Fincher ou Van Sant levassem o prémio para realização (mas claro que era muito complicado...). Palmas para Pénelope e Óscar de actriz secundária. Palmas para Sean Penn (apesar de ter votado Rourke) que continua a ser um actor de coragem e sobretudo muito talento.

Para o ano há mais e, quem sabe, pode ser que "Second Life" seja o primeiro filme nacional nomeado (Ok,ok... era uma piada!!!!!! Naaaaaaaaaaaaa #$"%%"$"$"$"%"%%/$"#"#!# )

Stay Tuned.

Uiuiuiui... Uma vez mais, peço mil desculpas

Amigos...

Pela segunda vez em 2 anos, o blog está muuuuuuuito parado. Aliás, está morto. Juro-vos que estou a pensar numa forma de o trazer à vida e fazer com que viva para sempre. Vou mudar o formato, acrescentar criticas à mais coisas (talvez tv e videojogo) mas sempre mantendo o cinema como ponto fulcral. Vou começar por mudar a votação.

Stay tuned.