Critica: Avalon


Ash é uma mulher solitária que tem por única companhia um cão e é viciada em jogos de vídeo e realidade virtual. Durante muitos anos foi membro de um grupo chamado Wizard, constituído por verdadeiros aficionados por um jogo de guerra virtual ilegal chamado “Avalon” em referência a ilha lendária onde repousam as almas dos guerreiros. Após a separação do grupo, Ash passa a jogar por conta própria. Um dia, descobre que Murphy, um antigo colega e amante, tornou-se um “zombie”. Ash fica surpreendida pela noticia, sobretudo pelo facto de Murphy ser um dos melhores jogadores de “Avalon”. Intrigada com o sucedido, Ash decide atravessar os níveis completados por Murphy de forma a aceder a um nível especial baptizado “Class A”, mas para tal, vai ter de encontrar a Sombra, uma misteriosa menina de olhos tristes que a levará até lá.

A primeira coisa que se tem de saber é que Avalon não é um filme fácil. Realizado por Mamoru Oshii (realizador de Patlabor e de Ghost in the Shell (ambos anime Japonês)), este filme fascina tanto como repele. É uma obra singular que se aproxima mais do ensaio artístico do que propriamente de um filme. Primeiro, há que ter em atenção a fotografia sépia do filme. Se não gostarem das tonalidades (coisa que não acontece comigo) será muito difícil aguentarem todo o filme depois, apesar de ser Japonês, o filme é todo falado em Polaco (o realizador apaixonou-nos pela Europa de Leste e decidiu usar técnicos e actores Polacos) por isso, se são daqueles para quem o Ucraniano é algo de doloroso para os ouvidos…Bem, já sabem. Avalon apresenta-se então como um filme “new age”, em que cada plano é trabalhado ao pormenor. Quando referi em cima que o filme se aproximava mais do ensaio artístico do que de um filme, posso ter exagerado um bocado. Avalon possui um argumento que, apesar de não ser original, é bastante interessante e serve perfeitamente o objectivo do realizador que não é mais do que hipnotizar-nos e fazer-nos com que nos sentir tão vazios e incompletos como Ash. Se o argumento não é o ponto forte do filme (mesmo com algumas surpresas), resta-nos a parte puramente técnica. Cada plano é estudado ao milímetro e pensado como um quadro em si. A realização de Oshii aproxima-se por isso ao Manga ou Anime na sua montagem e enquadramentos. A grande diferença reside no ritmo imposto a obra. É um filme lento (admito que por vezes demasiado) que não procura “abalar” o espectador. Aqui o que conta não são as cenas de acção (o filme contém 2 ou 3, e mesmo assim o ritmo não é alterado) mas sim o passar do tempo ou os gestos e olhares da Ash. Avalon é sobretudo um filme de imersão no qual é preciso mergulhar para obter satisfação. Não se pode abordar o filme como sendo pura ficção científica, temos de estar abertos a todo o tipo de informação que recebemos. Do meu ponto de vista, o filme é como que uma critica a sociedade moderna que busca nas novas tecnologias algo que os possa preencher já que as suas vidas são tão insignificantes. No caso de Ash, o único elemento que a mantém na realidade é o seu cão, Ser que parece ser mais Humano que a maioria das pessoas que ela conhece. Esta critica não estaria completa se eu não mencionasse a magnifica banda sonora de Kenji Kawaii que sabe ser épica, experimental e ao mesmo tempo muito profunda (Ash e Return to Avalon são bons exemplos disso) fazendo com que a imersão nesse mundo seja ainda mais completa. Acreditem em mim quando digo que a banda sonora esteve na aparelhagem mais de 15 dias a rodar todos os dias.


Conclusão: Avalon é um filme único no mundo da ficção científica, nem que seja pelo facto de estar intimamente ligado ao mundo do Anime, sobretudo na sua forma. É uma experiência que pode ser complicada para quem tiver um pouco sonolento, mas que de certa forma satisfaz pela sinceridade com que foi feito e pelo carisma da sua actriz principal.

Avalon Trailer
Filme: Avalon
Ano: 2001
Realizador: Mamoru Oshii
Argumento: Kazunori Ito
Cast: Malgorzata Foremniak, Wladyslaw Kowalski, Jerzy Gudejko
Orçamento: 8 milhões de Dollars
Box-Office: Japão: 400 mil Dollars
Site: Avalon
Nota: 9 /10


DVD
Disponivel no mercado nacional há alguns meses, novamente pela mão da New Age, Avalon tem a sua melhor edição zone 2 na França onde Studio Canal fez um trabalho de muita qualidade para levar aos espectadores a melhor imagem e som possivél. A édição que está na minha parteleira é a chamada Édição de coleccionador limitada (adoro essas palavras juntas...lol) composta pelo dvd do filme, dvd de bónus, banda sonora e ainda um livrete e uma impressão feita com tinta da China em papel de seda limitada a 1000 expl. Nesta édição terão acesso a uma imagem de muita qualidade sem defeitos de compressão onde a soberba fotografia do filme é retranscrita sem falhas. Nivel som, a pista original (Polaca) em DD 5.1 está muito bem, fazendo uso de todas as colunas e dando outra dimensão ao filme. A pista em versão Francesa DD 5.1 está ao mesmo nivel que a VO, excepto nos dialogos que têm tendência para se sobreporem ao resto dos sons. Nivel bónus, podem contar com um extenso making-of onde o realizador se confia e onde é possivel ver todas as fases de produção. Tenho de admitir que gosto bastante dele porque está muito longe de ser promocional e é possivel assistir as lágrimas de alegria do realizador, às brincadeiras dos actores... Também permite ver o extenso trabalho de pós-produção ao qual foi sujeito o filme (acreditem que os efeitos especiais estão por todo o lado). Entrevistas, site internet completo e trailers completam o menú. No terceiro disco temos acesso a banda sonora original que, acreditem, é uma obra prima. Édição mais completa do que esta só no Japão e na sua édição Ultima (que custa mais de 200 euros, creio eu) e que incluia vários goodies como t-shirt,cd's, fotos, action figure...


Edição:
Zona 2 (França)
Audio: Polaco DD 5.1, Francês DD 5.1
Legendas: Francês
Caixa: Digipack
Bónus: Making-of, entrevistas, galeria, trailers... Livrete, cd da banda sonora e goodie limitado

1 Bilhete(s):

Carl disse...

Avalon... pois claro =P
Quero ver actualizações pah! comé? lol